Você tem 15 minutinhos?

Argos Crítica
4 min readSep 20, 2021

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Por: Carlos Anselmi

A arte pode se comunicar conosco por meios de diversas maneiras. Pelo som, pelo que vemos, pelo que sentimos, e dentro disso, no uso das cores, na escolha das notas de um acorde, e também o brincando com o próprio tempo. E algumas vezes, não precisamos de muitos minutos para compreender uma mensagem que irá nos emocionar tanto quanto, ou mais que uma presente em um longa metragem.

Muitos dos diretores que hoje amamos começaram fazendo curtas metragens, e em muitos destes filmes já podemos notar características que, no futuro, com mais tempo, experiência e investimento, se tornariam marcas dos autores. Há casos, como “Os Doze Macacos” (Twelve Monkeys, 1995), e “Whipash” (2014), são longas que aconteceram inspirados por curtas que vieram previamente, o primeiro inspirado por “La Jetée” (1962), e o segundo, feito como curta um ano antes do longa, pelo mesmo diretor (Damien Chazelle).

Por isso, hoje, separamos nosso espaço para indicar 10 curtas que amamos, que abordam temas diferentes e que não passam de 15 minutos. Nessa lista teremos curtas de países diferentes, animações e live action, filmes educativos, documentário e ficção, filmes musicais, curtas da primeira metade do século passado e do ano passado. Todos valem a pena.

Um pequeno momento que represente algo para a gente pode significar muita coisa, e estes realizadores são tão artistas quanto os que têm incentivo, capital e espaço para produzir obras de maior duração. Aproveite seus 15 minutos aqui.

(organizado do mais curto para o mais longo)

“Hair Love” (Bruce W. Smith, Matthew A, Cherry, 2019)

“Hair Love” (Bruce W. Smith, Matthew A, Cherry, 2019)

O vencedo do Oscar, “Hair Love”, é uma animação que nos mostra a importância da representatividade, aborda questões de gênero raça, família e amor de maneira delicada e impactante.

“Bao” (Domee Shi, 2018)

“Bao” (Domee Shi, 2018)

A animação da Pixar trata de uma família chinesa, onde a mãe sofre por ver o filho deixando a casa. Delicado e, como é de se esperar do estúdio, com uma animação detalhista e impecável.

“Opera” (Erick Ok, 2020)

“Opera” (Erick Ok, 2020)

Opera é uma grande viagem histórica que passa por diferentes fases e tempos da humanidade e aborda a relação do trabalho com a sociedade sociedade em uma pirâmide animada incrível. É o tipo de filme que se pode notar um detalhe novo a cada vez que revisitar.

“A Morte Branca do Feiticeiro Negro” (Rodrigo Ribeiro, 2020)

“A Morte Branca do Feiticeiro Negro” (Rodrigo Ribeiro, 2020)

A obra que carrega o mesmo título do livro de Renato Ortiz nos apresenta a memória de um Brasil escravista por meio da leitura de uma carta de suicídio de um negro escravizado. O impacto é ainda maior, visto que isso ocorre enquanto assistimos a montagens de um Brasil do passado e do atual, que infelizmente não está tão diferente do quanto deveria.

“Voyage dans le Ciel”(Jean Painlevé, 1937)

“Voyage dans le Ciel”(Jean Painlevé, 1937)

Aqui, temos uma jornada científica, educativa e didática através do cinema. Conceitos importantes são ensinados de maneira fácil e é impressionante que tenha sido feito em 1937. Por se tratar de ciência, é muito atual. E se pensarmos no atraso que a pseudociência ainda nos empurra, o filme ainda se faz essencial.

“Maranhão 66” (Glauber Rocha, 1966)

“Maranhão 66” (Glauber Rocha, 1966)

Um filme de Glauber Rocha encomendado por — e sobre a posse de — José Sarney. Aqui vemos, em paralelo, trechos do discurso e imagens da realidade que assolava o estado em um tom crítico e revolucionário. Não poderíamos esperar nada diferente do diretor de “Terra em Transe”.

“Memorable” (Bruno Collet, 2019)

“Memorable” (Bruno Collet, 2019)

Uma obra animada em stop motion que se inspira em Van Gogh e discute a demência em um senhor que mora com sua esposa. Aqui, assistimos a confusão e perda da memória em uma história emocionante e reflexiva.

“Broken Orchestra” (Charlie Tyrell, 2019)

“Broken Orchestra” (Charlie Tyrell, 2019)

Um documentário sobre a sinfonia “Broken Orchestra”, onde mais de 1500 instrumentos quebrados e abandonados foram reformados e enviados para escolas públicas nos Estados Unidos, trazendo vida para os instrumentos e uma nova habilidade, sonhos, hobbies e trabalho para os novos instrumentistas.

“Brasil” (Rogério Sganzerla, 1981)

“Brasil” (Rogério Sganzerla, 1981)

A sinopse é: João Gilberto recebe Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia durante a gravação de seu álbum. Se você se interessa por bossa nova este é imperdível.

“Anima” (Paul Thomas Anderson, 2019)

“Anima” (Paul Thomas Anderson, 2019)

Paul Thomas Anderson dirige o curta musical com a trilha sonora de Thom Yorke, vocalista do Radiohead com uma estética impressionante e coreografias criativas. Estes dois nomes devem ser o suficiente para te convencer.

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